Curiosamente, conheci a praxe como caloiro em 3 universidades diferentes.
Aveiro
Entrei na Universidade do Porto. Mas, nessa altura, as admissões não saiam online: eram afixadas num pavilhão da minha cidade-natal, Aveiro, onde grupos de trajados se acotovelavam para perceber se xs caloirxs encontravam os seus nomes nas listas, prontos a praxar – perdão: a fazer a faina, como lhe chamam, roubando a expressão a tão nobre arte aveirense.
Quando dei por mim, uma simpática “veterana” estava a pintar-me a cara com dizeres homofóbicos e a encher-me de farinha, sempre de sorriso na cara – eu feliz por ter entrado e, por isso, ter direito ao ritual; ela porque certamente não tinha mais nada de interessante para fazer na sua vida pessoal e naquele local havia muitx caloirx ignorante de que, segundo os códigos de praxe/faina/trote/bla, não podiam ser praxadxs por quem não fosse do seu curso e universidade.
A minha ansiedade e até algum medo misturavam-se com a excitação, que começou a decrescer quando fui levado com um grupo de caloirxs para a entrada de um centro comercial, colocado em roda e informado que teríamos que passar um pau de boca em boca, que ia ficando cada vez mais pequeno: nisto, uma caloira começa a chorar por não se sentir à vontade com o múltiplo contacto bocal e, após muita coacção, acabou por conseguir sair da roda. Tudo aquilo me fez pouco sentido. Enquanto nos diziam que não podíamos ser maricas, forçavam-nos a tocar com as bocas uns nos outros… Parecia mais uma actividade de pré-adolescentes hormonados do que um ritual de quem está para entrar na vida adulta. E, no geral, pareceu-me mais negativo do que positivo mas quis pensar que o problema fosse meu e que tivesse que fazer o esforço de me “integrar” – se toda a gente o fazia, talvez fosse eu quem estivesse a ver pela perspectiva errada…
Porto
Chegado ao Porto, decido voluntariar-me para ser praxado, porque mais nenhuma actividade de integração existia e, ao fim de alguns dias a deambular sozinho pela faculdade, pensei que pudesse tirar algum partido social da dita “tradição” (que no Porto nunca o foi) – até porque integrar-me no contexto de sala de aula era muito difícil, já que quase ninguém comparecia às mesmas no início do semestre, a fim de estarem presentes nos rituais de praxe.
Achei-a uma seca. Repetitiva e com falta de imaginação. Não me deixavam conversar com xs restantes caloirxs, nem olhar-lhes nos olhos. Porque éramos do curso de História fomos obrigadxs a saber de cor e salteado, repetindo, repetindo, repetindo (o quanto eu me lembrei da minha professora da primária, autoritária e que discriminava xs mais pobres, que se gabava de continuar a usar os mesmos métodos que seguia antes do 25 de Abril) as insígnias, as supostas origens históricas da praxe, canções a favor do curso e contra os outros, cantilenas sexistas, racistas e, sempre, vincadamente homofóbicas (por exemplo, o caloiro com traços mais femininos era sempre obrigado a colocar acessórios e roupas “de mulher” e a fazer performances em que insultava tanto as mulheres como os homens gay), outras peripécias pseudo-históricas e muitas outras inutilidades sobre a praxe. E eu questionava-me, afinal, onde estava a prometida integração se não podíamos sequer conversar e éramos repreendidxs e humilhadxs apenas por nos olharmos? E lá repetíamos, repetíamos, repetíamos as inutilidades enquanto faltávamos às aulas.
Mas havia mais: como tinha sido o ano do atentado às torres gémeas, não nos faltaram “ataques aéreos” em que nos coagiam a atirar-nos com a máxima força de joelhos contra a gravilha, a calçada ou a lama, consoante os sítios por onde íamos passando. Uma ou outra vez foi apenas contra a relva (os novos teóricos pro-praxe dir-me-ão que só quando nos mandavam atirar na relva fofinha é que era praxe, das outras vezes todas foi abuso)…
Uma vez, quando já tínhamos passado mais de 10 minutos de cócoras a mando dxs trajantes, decido sentar-me por já não aguentar mais a dor nas costas. Qual não é o meu espanto quando são xs caloirxs que começam a exigir que me voltasse a acocorar, talvez porque imaginaram que pagariam todxs pela minha insolência ou simplesmente por já estarem transormadxs em escravos-felizes-empossados-de-capatazes, logo fazendo queixinhas aos morcegos que nos praxavam. Decidi que não estava para aturar mais aquilo e abandonei a praxe no final dessa tarde, à qual nunca mais compareci. Ninguém “da praxe” me coagiu nos dias seguintes mas também nunca mais me falaram. Hoje agradeço-lhes isso.
Ainda no Porto, assisti, à noite, ao frio e à chuva, a um grupo de caloiros obrigados a despir-se da cintura para baixo, a rebolar no chão e depois uns nos outros. Dois que se recusaram levaram pancada de colher de pau na cabeça e foram destratados com todas as expressões homofóbicas que possam imaginar. Eu e amigxs tentámos impedir e fomos ameaçadxs. Insistimos e os trajantes começaram a incitar os caloiros para nos agredirem. Ameaçámos chamar a polícia e só quando já estávamos a preparar-nos para usar os telemóveis é que decidiram parar ou, pelo menos, mudar de sítio.
Coimbra
Por motivos (talvez) não ligados à praxe, mas em que a minha (des)integração com as pessoas do curso teve alguma influência, decido mudar de licenciatura. E vou para Coimbra: em Relações Internacionais, na Faculdade de Economia, não vi sinais de praxe (vim a saber que apenas se tinham realizado as chamadas “aulas fantasma” desde os 2 anos anteriores e “distribuição” de caloirxs por padrinhos/madrinhas) mas tive que fugir a várias tentativas de praxistas doutros cursos, nomeadamente de Economia, que teimavam em mostrar a sua suposta superioridade por frequentarem o curso mais antigo daquela faculdade, não olhando a meios para coagir – no bar da faculdade, por exemplo – caloirxs de outros cursos para frequentar a sua praxe. Numa das vezes, os caloiros que estavam comigo acederam à insistência e eu decidi experimentar ir também. Fomos levados até aos jardins, ladeados de uns quantos doutores. Ao fim de poucos minutos, ao ver um caloiro ser humilhado e porque já me doíam os joelhos de estar de quatro, fui percebendo que aqueles métodos ainda eram mais primitivos e desprovidos de imaginação do que no meu curso anterior. Decidi sair, sem avisar ninguém. Ao verem-me sair, foi curioso perceber que começaram a entoar uma lenga-lenga contra Relações Internacionais, instigando um caloiro meu colega a cantar contra o curso que ele próprio frequentava.
Chegado ao terceiro ano (primeiro em que se pode praxar em Coimbra), eu trajei. Xs avós quiseram pagar-me o traje, cheixs de orgulho pelo neto que conseguira aceder à universidade. Nunca trajei pelos rituais de praxe mas pelo significado que quis crer ter o traje de Coimbra: de solidariedade (quando o Estado Novo se recusou a assistir os ribatejanos nas grandes cheias de 69, centenas de estudantes – a maioria trajados – acorreram a ajudar), de contestação anti-fascista (crise académica de 69) e promotor da igualdade entre classes – porque ninguém se destacaria pelo que veste (agora discordo desta ideia porque o traje é caro, nem todxs xs estudantes o podem comprar, e porque cria diferenciação face a quem não pode ir à universidade). Para mim, e para a maioria dxs colegas de curso, trajar não era praxe: usávamo-lo apenas nas festas e jantares académicos e era quente, o que em Coimbra no inverno dava jeito.
Rapidamente percebi que a praxe em Coimbra é realmente diferente da dos outros locais: está por todo o lado, dura o ano todo, tem regras mais estritas (umas melhores e outras péssimas), mais pessoas a cumpri-las (nomeadamente as mulheres, que não podiam usar maquiagem nem acessórios – mas os homens [e mulheres, vá, que a gente deixa porque também quer usar] usavam óculos de sol).
Se, por um lado, na minha faculdade, nunca vi ninguém a ser sujx nem sequer a ser pintadx na cara (como tinha visto, por exemplo, em Aveiro – onde as tripas de peixe são “o must”), nem homens a praxar mulheres (o contrário acontecia por vezes), por outro, vi trupes que cortavam cabelos de caloiros e lhes batiam nos dedos das mãos até ficarem negras, só porque tinham saído à noite para se divertirem no seu primeiro ano de alguma liberdade fora de casa dos pais. Grupos desta gentalha moviam-se como bandos sombrios de morcegos pelas vielas da Alta de Coimbra, sempre seguindo estritamente o código da praxe, incluindo as torturas e estratégias de desconstrução identitárias – métodos estudados, aplicados e replicados em várias prisões políticas, desde a idade média até aos dias de hoje, nas piores ditaduras a subsistir no mundo.
A determinado momento, o Conselho de Veteranos decide emitir uma nova regra ou voltar a fazer vigorar uma (já não me recordo exactamente), dizendo que as mulheres tinham que parar de usar o colete do traje, o que, para além de ser em si discriminatório e sexista, fazia-me sempre pensar que a ideia era, apenas e só, a de que os seios das meninas-doutoras de 19-20 anos pudessem ficar mais à mostra, para deleite dos sebosos veteranos e duxes de 30 e muitos ou mais de 40 anos.
Voltando um pouco atrás, eis que começa o meu terceiro ano lectivo. Tinha, na altura, a perspectiva que vejo muitas das pessoas actualmente a defender (naif, permitam-me dizer-vos): era contra os ditos abusos mas a propaganda pró-praxe era tão forte e hegemónica que eu dava o benefício da dúvida e achei que fosse possível fazer praxe boa, em vez de praxe má. Também com esta perspectiva os meus colegas de turma decidiram fazer praxe “a sério” “mas da boa” pela primeira vez no curso de Relações Internacionais, aproveitando uma recepção axs caloirxs organizada pela própria faculdade, desviando a seguir os caloiros para a dita praxe.
Tínhamos acordado que faríamos uma espécie de festival da canção, ensinaríamos a “tradição” – incluindo cânticos e dizeres acabados de inventar -, e faríamos uma espécie de jogo de estafetas. Eu inicialmente até fiz de cicerone, fazendo uma visita guiada aos vários pisos da faculdade, explicando onde eram os serviços e outras utilidades. Tudo decorria de forma “aparentemente” inócua. Mas, no início do tal festival, xs caloirxs, tímidxs e com a mesma imaginação que nós para aquelas andanças (nenhuma, portanto), não quiseram cantar. E ninguém dos trajados se predispôs a obriga-los. Não nos impusemos, sugeríamos apenas. Não nos quisemos colocar em poses autoritárias, nunca impedimos caloirxs de nos olhar directamente nem entre si: aquilo era, afinal, suposto ser só uma brincadeira. E, como tal, xs caloirxs sentiram-se no direito de não cantar. Não era, portanto, praxe – das que resultam, porque implicam sempre coacção – e, por isso, não estava a funcionar.
De repente aparece uma “veterana” (expressão que, em Coimbra, significa ter mais matrículas do que os anos regulares do curso). Não trajada, exige que uma capa lhe fosse colocada aos ombros e começa aos berros, louca furiosa, obrigando xs caloirxs a olhar para o chão, a colocar-se de joelhos e dizendo que a partir dali tinham que nos obedecer. Nós nem soubemos bem o que dizer, não era nada daquilo que tínhamos pensado. Antes dela aparecer já equacionávamos até acabar ali o ritual e ir simplesmente beber copos. Mas ela estava indignada com tanta liberdade: vociferava contra xs caloirxs, contra xs doutorxs, contra o mundo que não se lhe submetia e isso era o sacrilégio mais herético de todo o sempre, para a praxe, para a tradição, para a honra das gerações passadas e vindouras. Xs caloirxs começavam a ficar assustadxs, as suas expressões passaram rapidamente do gozo connosco, a uma certa incredulidade, depois ao medo, e algunxs estavam prontxs a submeter-se à superior hierárquica.
Eu decidi sabotar! Vim por trás dxs caloirxs dizendo-lhes para recusarem as ordens. Elxs enfrentaram-na. Ela olhou xs restantes doutorxs em busca de apoio mas, como ninguém a seguiu na senda autoritária, insultou-nos ainda mais e foi-se embora, ainda a esbracejar, em raiva porque não pôde aliviar as suas frustrações-do-dia naquilo que lhe pareceram ser alvos fáceis, preparados previamente por outrxs para se lhe subjugarem. A praxe terminou ali e fomos beber copos.
Nunca mais praxei nem, que eu saiba, ninguém da minha turma o fez!
Porque me deixei praxar em 3 sítios diferentes?
Podeis estar a pensar legitimamente que me custou a aprender: iludi-me em Aveiro, desiludi-me no Porto, quis-me iludir novamente pelo ambiente hegemónico da praxe em Coimbra… Mas foi mais do que isto:
Quem me conhece sabe que sou e sempre fui uma pessoa de convicções fortes e que se sabe defender. Nunca deixei que me fizessem bullying no secundário ou básico. Porque deixei então que me praxassem? Mesmo que, em todos os casos, tenha sido por pouco tempo e tendo eu sempre recusado fazer coisas que não queria, durante os rituais… Apesar de ter feito coisas que hoje nunca faria (mas quis deixar-me imbuir pelo espírito, experimentar)…
Deixei que me praxassem e praxei uma vez porque era adolescente, pré-adulto e depois um jovem adulto que queria verdadeiramente integrar-se… Sou um ser social. Somos, certo? (E é mesmo um mito que só tenhamos essa necessidade enquanto jovens, apesar de ela ser ainda mais forte quando o somos.) Quando cheguei a Coimbra com 20 anos estava sozinho numa cidade que mal conhecia e onde sentia que tudo girava à volta da praxe. Irracionalmente, era levado a pensar que talvez fosse culpa minha se não me integrasse, se quase toda a gente o fazia daquela forma, se era a norma, eu deveria ser anormal (agora acho que quase toda a gente pensa como eu em vários momentos pensei, e deixam-se ir ficando e humilhando nestes rituais). E qual é x jovem ou adolescente que se quer sentir mais anormal do que já somos todxs? Ser discriminadx pela diferença? Quem gosta de ser impedido de estar num grupo – mesmo que estupidamente humilhado por ele? Num primeiro momento e muitas vezes para a vida, quase ninguém. (ver documentário no link, que confirma esta afirmação)
Se eu soube dizer Não, muitas pessoas (quase todas) que vi não o conseguiram. O medo tolhe-nos. As técnicas de despersonalização aplicadas na praxe e descritas nos seus códigos formais realmente funcionam. Eu, ainda assim, fui um privilegiado: para o Porto tinham ido algunxs amigxs que havia conhecido ainda no secundário e era com elxs que falava à noite do que tinha acontecido durante o dia na praxe – e que me ajudaram a despertar para as barbaridades das actividades a que tinha sido submetido; em Coimbra tinha a proximidade da família, que vivia em Aveiro, onde eu tive que continuar a pernoitar, por motivos económicos, durante toda a licenciatura.
Mas a maioria das pessoas não tem estes “privilégios”, vêm de longe ou estão socialmente isoladas, muitas vezes foram sofrendo humilhações ao longo da vida, pelxs colegas, pelxs professorxs, na família ou na escola ou no clube ou na rua… Foram-se habituando a elas… Nem toda a gente tem a mesma força que eu fui tendo (devia ter tido mais?). Nem têm que ter. Isso de que estamos sozinhos no mundo e temos que reagir a tudo sozinhxs e ser mais fortes do que toda a gente à nossa volta para vingar e, de preferência, passar por cima das outras pessoas para sermos bem sucedidxs, é uma finta do capitalismo neo-liberal para colocar as pessoas, subjugadas pelas elites, umas contra as outras. É cair na armadilha do “dividir para reinar” do darwinismo social.
O ser humano é uma espécie cooperante, colaborativa, e que só chegou ao estágio de civilidade onde nos encontramos porque actuou em parceria para atingir os mais importantes feitos, para conquistar os seus direitos, para se ir libertando dos grilhões da submissão servil. Também é capaz do pior. Mas, se vivemos numa sociedade que queremos moderna, evoluída, civilizada, é normal que tenhamos criado regras de convivência (e que as continuemos a criar) para que não nos andemos a matar, nem a violentar, nem a humilhar, nem a subjugar.
A teoria de que não se pode proibir nada – mesmo as piores atrocidades – porque isso vai contra liberdades e direitos individuais de alguns, ou porque o Estado que cria regras é sempre opressor (mesmo quando a proibição é relativa à possibilidade de anular liberdades de outrem) é o mesmo argumento que usavam os esclavagistas, que acenavam com os seus títulos de propriedade dos escravos exclamando peremptoriamente que lhes estávamos a roubar direitos e liberdades, ao libertar os seus cativos. É um argumento gasto e que não colhe simpatia nem a mim que sou libertário e tenho repulsa quase primária pelas proibições – mas depois respiro fundo, reflicto e Sim, faz sentido respeitarmos a Declaração Universal dos Direitos Humanos e até uma parte considerável da nossa Constituição – tão adulterada do seu espírito socialista inicial mas que conserva e até acrescentou recentemente conceitos de humanidade que considero básicos.
O contrário seria a barbárie, a lei dos que já são mais fortes, o aprofundamento ainda maior do fosso entre as elites e os mais pobres, dos monopólios, do capitalismo selvagem e, no limite (não muito longínquo), do fascismo. E eu luto diariamente para caminharmos no sentido contrário, apesar de sentir que por vezes remo contra a maré!
Se o governo nos humilha diariamente – fazendo-nos crer que não temos direito a ter direitos, que não contamos para nada, que não somos ouvidxs nem tidos nem achadxs, tentando-nos reduzir à (des)qualidade de bestas, caloirxs no emprego e na vida – não caiamos na falácia de achar que isso é normal, aplicando-o às nossas relações pessoais e académicas. Fujamos disso. Combatamo-lo! Ao governo e a quem subjuga outras pessoas na sua vida, como na praxe. Saibamos ser conscientes e actuantes. Saibamos ser humanos!
Fevereiro 6, 2014. Este TESTEMUNHO é complementado pelo (e complementa o) meu artigo “Viva! Já criámos as leis anti-praxe!”, publicado No P3 do jornal Público.
- Este artigo foi escrito utilizando o Acordo Queerográfico
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