Com um título destes podem pensar que me vou queixar de algum problema que tivesse ocorrido no atendimento numa das dezenas de padarias desta marca. Descansem os destiladores de ódio ocasionais. Sempre fui servido com o maior dos profissionalismos.
Do que venho falar é de escravatura.
Nuno Carvalho, gerente desta cadeia, falou hoje em direto para a SIC NOTÍCIAS e, com a maior das naturalidades, explicou a sua teoria de como isto só vai lá com escravatura.
Senão, vejamos: o escravo nada recebia pelo seu trabalho, para além de alojamento e comida que o mantivesse vivo. Hoje em dia, o ordenado mínimo, que a maioria dos trabalhadores (sim, trabalhadores e não colaboradores) da Padaria Portuguesa aufere, no centro de Lisboa mal dá para pagar um quarto (a menos que tenha as condições de uma cubata), alimentação e transporte. Difere, comparando a clássica escravatura com a proto-escravatura dos tempos de hoje, a existência de um horário máximo de trabalho. Ora, o gerente/capataz não gosta nada disto. Acha uma chatice que as pessoas só possam trabalhar 40h semanais e ter que pagar compensações por horas extraordinárias.
A mesma cadeia que parece ter capacidade para abrir uma nova loja a cada mês também acha um aborrecimento existir um salário mínimo e, em geral, regras salariais, porque, segundo ele, o que se devia pagar era consoante a evolução dos lucros da empresa. Ora, se isto fosse aplicado no longo prazo, quando a empresa estivesse a fazer milhões em lucro, seria excelente para o trabalhador. Mas sei que não é a isto que ele se refere. Sei que fala dos primeiros 2 anos, ou 3 ou 4, em que a maioria das empresas não consegue tirar dividendos. Suponho portanto que, no seu entender, os trabalhadores deveriam trabalhar de graça. Quem sabe até pagar para trabalhar.
Acresce que acha uma tontice que não se possa despedir alguém porque lhe deu na veneta. Chama-lhe falta de flexibilidade laboral. Mas essa conversa já a ouvimos desde que existe exploração do ser humano pelo ser humano, por isso não me espanta.
16 comments
Botequim Pasquim
31 Janeiro, 2017 at 9:14
Pior artigo de sempre. 25% = maioria na cabeça deste opinante de trazer por casa. E note se q em 2016 eram zero a receber o ordenado minimo. Não posso nem comentar as aleivosias que se seguem, quando a o autor não consegue o mais elementar raciocínio nem verdade matemática.
João André Labrincha
31 Janeiro, 2017 at 11:36
O q o capataz fala é em 25% da massa salarial. se houver 3 ou 4 gerentes a ganhar 10.000€ isso significa que 80% dos trabalhadores ganham o salário mínimo. Esteja mais atento
Miguel
29 Janeiro, 2017 at 16:01
Fala-se de uma forma que parece que este caso ( caso seja verdade) não é nada mais nada menos do que se está a passar de uma forma geral em Portugal na Grécia e em muitos outros Paises.
Só trabalha lá quem quer, será que é muito diferente do que trabalhar numa cadeia de hipermercados ou de fastfood?
Tenho as minhas dúvidas.
O problema é que quem lá trabalha, está lá a trabalhar, mesmo ganhando mal e trabalhando muitas horas, conseguem ter algum dinheiro para sobreviver, que é diferente de viver, mas o problema é, arranjar melhor?
As pessoas têm de se sujeitar, infelizmente, e o empresario tem de arriscar e não pode arriscar muito.
Se faz um investimento de alguns milhares de € para dar um ar digno ao espaço tem de ter o retorno, mas se ninguém for lá tem o prejuízo, isto nao se está a contabilizar.
Parem para pensar antes de estarem a escrever baboseiras
Não estou a defender ninguém apenas a raciocinar um pouco, depois do que tenho lido sobre o assunto.
Maria Pissarra
30 Janeiro, 2017 at 19:08
Em causa estará o direito dos trabalhadores, mas isso deve ser algo que não entende: direitos. Pela sua lógica, nem deveriam existir, funcionava-se numa perspectiva de: precisas, amocha; relações laborais desreguladas a tender para a escravatura. Presumo, por isso, que seja um patrão com a mesma mentalidade do padeiro.
Miguel Antunes
29 Janeiro, 2017 at 13:00
João, é um ponto de vista e, como tal, respeitável e a respeitar!
De qualquer modo, os novos “escravos” que lá trabalham não foram “requisitados” nas costas da Guiné mas, pelo menos aparentemente, estão lá por sua livre vontade e arbítrio, não é assim?
Ora, partindo do princípio que assim é, também é sinal de que não têm melhor alternativa! Porque, se o tivessem, eles iriam mudar, não é assim?
Faço-te uma sugestão: cria tu uma empresa e faculta a estas pessoas um trabalho de excelência e, aproveita, paga-lhes tu o dobro, o triplo ou, quem sabe, ainda mais, e por um horário reduzido.
Ficamos todos, ansiosos, à espera que tu dês notícias dessa enorme evolução social…
Fausto Oliveira
28 Janeiro, 2017 at 23:41
que post tão ridículo.. tal como montes que circulam na net. O que ele disse não tem nada a ver com o que aqui estás a dizer.. já paraste para perguntar aos funcionários (ou escravos como tu lhes chamas) da Padaria Portuguesa se estão a ser assim tão abusados?
Maria Costa
28 Janeiro, 2017 at 22:39
O melhor é comerem em casa!!!! Já agora imigrem!!!! Primeiro analisem as leis gerais de trabalho, depois acusem as entidades empregadoras. O que está mal são os níveis salariais do País e os impostos inerentes, sem retorno aceitável. quanto às condições de trabalho da empresa em causa, antes de fazerem comentários ignorantes… seria melhor recolherem informações primeiro e opinarem depois. Não são as melhores, mas são estáveis, correctas (dentro da lei) e (talvez das mais importantes aos dias que correm) sem falhas. Quantos de vocês conhecem pessoas que não sabem se o dia de pagamento e a 30, a 8, a 15? Ou quando calha!
Joao
28 Janeiro, 2017 at 17:49
http://leitor.expresso.pt/#library/expressodiario/26-01-2017/caderno-1/temas-principais/a-prisao-na-relacao-laboral-nao-faz-sentido-nos-dias-de-hoje
Nada como ler a entrevista completa ao expresso para perceber a posicao do Nuno Carvalho!
Luis Tavares
27 Janeiro, 2017 at 14:57
Mais uma que entrou para a minha lista…nestlé,pingo doce…etc…
Ana Gomes Ferreira
27 Janeiro, 2017 at 11:08
A mim o que me espanta é que deixem de frequentar a padaria portuguesa quando esta situação nos jornais ( atenção vão deixar de frequentar qualquer café e restaurante) e não porque A Padaria Portuguesa não tem bom pão
Ricardo
26 Janeiro, 2017 at 20:21
João, se me permite, queria só deixar-lhe aqui um conselho. Tenha cuidado com aquilo que vê nas notícias, hoje em dia não basta ler uma SMS com o título da notícia, abrir um site e ler o resumo da notícia, ver um vídeo editado com excertos de entrevista, quanto mais avaliar a opinião e gestão de uma empresa com base em frases que podem ser mal interpretadas. Dito isto deixo-lho 2 perguntas: em comparação com outros retalhistas, os trabalhadores da padaria portuguesa parecem-lhe mais ou menos felizes e alegres no seu posto de trabalho? Tem smartphone não tem? (Mas neste caso já não se importa de envergar um objeto, de luxo, feito através de verdadeira escravatura, senão por trabalho infantil). Por favor, seja feliz, mas também seja coerente.
Boris Kovicha
27 Janeiro, 2017 at 0:44
lol… Dos comentários mais patéticos que já li…
Ricardo
13 Fevereiro, 2017 at 12:52
Obrigado Boris. Tenho pena que o seu contributo tenha sido tão curto, pois acredito que atrás desse “lol” deverão estar argumentos muito interessantes de serem lidos…porque não acrescenta o seu ponto de vista ao forum?
Maria Filomena Rodrigues
26 Janeiro, 2017 at 17:38
O que me espanta, é que ainda haja pessoas a ir levar o seu dinheiro a esta cadeia de padarias!!!! Meu, nem um cêntimo, nunca mais. Seja em que parte for do País, primeiro vejo que padaria é!!!!
Sofia
26 Janeiro, 2017 at 16:13
Infelizmente este cenário repete se em várias empresas… é melhor pensar bem em cada espaço k frequenta, pois essa mentalidade está em muitas entidades patronais onde o trabalhador é cada vez mais explorado
Luis Miguel Ramos L. Silva
26 Janeiro, 2017 at 15:45
Outra possibilidade era mudar para Padaria Chinesa:
jornada de 10h diárias
30min de almoço
1 folga por semana
50€/mês de ordenado